quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Conflitos

O propósito deste blog é tratar de culturas e experências, mas é praticamente inevitável falar de religião, infelizmente, falar mal. Acontece que estou no olho do furacão. Esse ponto da terra tão polêmico, considerado sagrado pelas religiões mais seguidas no mundo. Palco de numerosas guerras e disputas.


A verdade é que esta semana muitas coisas me apontaram essa direção. Estão todas girando na minha cabeça. São coisas diferentes, mas estão conectadas.


Primeiramente, quando estava saindo de Tel Aviv para viagem ao Mar Morto, passei por uma famosa avenida da cidade, Rothschild Blvd., onde estava acontecendo uma passeata por maior igualdade entre judeus e árabes. Tirei algumas fotos, filmei e peguei o web site do pessoal para me aprofundar no assunto.


Depois, passeando pelo mundo virtual, li dois artigos de uma jovem americana que também mora em Tel Aviv, (vou deixar o link no final). Os artigos falavam sobre casamento civíl em Israel e sobre a tensão entre judeus fundamentalistas e seculares.


Vou explicar, em Israel só existe casamento civíl entre judeus, ou seja, se eu, ou qualquer estrangeiro, não judeu, quiser se casar com um israelense, essa pessoa terá que se casar ou em seu país de origem, ou em Chipre (mais comum destinação para casamentos) ou ainda, passar pela conversão durante, no mínimo um ano, para então se tornar judeu e, poder casar no país. Muitos acabam se convertendo, mesmo que não seja de coração, para garantir a cidadania e evitar preconceitos, principalmente quando se tem filhos.
Mesmo assim, todos os judeus estão sugeitos à aprovação de sua documentação por parte do Rabbanut (Corte dos Rabinos). As vezes, por não considerar a documentação suficiente, a corte pode negar o direito à algum judeu à se casar normalmente. Ou seja, o próprio judeu pode ser descriminado pelos seus, e isso me leva ao próximo ponto. A Tensão entre judeus fundamentalistas e seculares.


São todos judeus, mas os fundamentalistas se sentem mais judeus que os outros e, não apenas, pois até aí, tudo bem. Cada um que se sinta como quiser, mas eles querem impor sua verdade. Exemplo, se um judeu secular passar por uma vizinhança religiosa, dirigindo, no sábado, pode levar algumas pedradas no carro e até na cabeça. Isso não é comum, pois ninguém vai dirigir por lá, à menos que não saiba onde está pisando. Amamentar em público também não é muito recomendável, a mãe vai receber, no mínimo, uma olhada torta. As mulheres devem sentar-se na parte de trás dos ônibus para não expor os homem à desejos indesejáveis, sem falar que devem se cobrir dos pés à cabeça num calor de 40 graus e de roupas pretas, possivelmente (estou falando de Jerusalem, em Tel Aviv não é assim). Se alguns querem seguir essas regras, pois que assim seja, mas não podem impô-las aos outros ou negar aos outros o direito de praticar o judaísmo da forma que estes achem melhor.


Hoje, Israel é governada pela direita, muito apoiada pelos mais fundamentalistas, por isso eles tem bastante voz e, daí a tensão. Não é uma tensão muito clara, mas ela existe.
São esses religiosos que estão construindo nas áreas palestinas com o apoio do governo e, isso, me leva de volta ao início, sobre a passeata que fotografei.




É um grupo que luta por maior equidade entre árabes e judeus. Essa luta se fundamenta na expulsão de algumas famílias de suas casas em Jerusalém, especialmente em Sheikh Jarrah, devido à um processo que eles chamam de judaisação. Ou seja, a tentativa dos judeus fundamentalistas de construir por toda parte, evitando assim, a possibilidade da criação de uma capital palestina em Jerusalem.




Essas pessoas estão se mobilizando para que essas injustiças deixem de acontecer, não apenas pelas famílias, mas por si mesmos, pois eles percebem e afirmam em seu website que, se as coisas continuarem assim, nunca haverá paz para ninguém e, os israelenses não vão nunca viver sem a ameça de guerras e terrorismo.




Bom, deixo algumas imagens da passeata, e alguns links para quem queira se aprofundar.





Quero também, deixar claro que não sou contra a tradição e a fé. Sou contra os que querem reclamar a posse e a imposição de uma verdade. Sou a favor, se não do amor, do respeito.


Links: http://therayve.blogspot.com
http://www.en.justjlm.org/what-is-our-struggle-about/what%E2%80%99s-happening-in-east-jerusalem

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