terça-feira, 24 de agosto de 2010

Escola de Hebraico ou Ulpan

Surpreendentemente Israel é um país extremamente cosmopolita. Surpreendentemente porque a tendência é pensar: - o que as pessoas vão fazer num lugar tão arriscado? Bom, para os judeus de todo o mundo, existe em Israel uma sensação de segurança, de pertencimento. E, devido a globalizaçãoe  a maior mobilidade das pessoas pelo mundo, existe, também, uma mistura maior.


Os Israelenses viajam muito. Principalmente depois do exército, é quase uma tradição fazer uma viagem pela américa latina ou pelo oriente, Índia, Tailandia...


Bom, vamos aos fatos. Quem leu o artigo anterior, sabe que eu vou à escola, todos os dias aprender hebraico. Escola de hebraico tem um nome especial: Ulpan.


A Ulpan Gordon, onde estudo, zona norte de Tel Aviv, está fervendo de gente de tudo quanto é canto. Sem brincadeira, gente de toda a América Latina, tailandeses, filipinos, norte americanos, franceses, belgas, muitos alemães, canadenses, russos até etiopes e sudaneses estudam lá. Mas o que mais me surpreende é que uns 75% dessas pessoas estão lá por amor. Quero dizer, tem muitos judeus que vão constantemente passar férias (principalmente para o euro, é muito vantajoso (1nis = 2 reais)) e querem aprender a língua, tem gente à trabalho, mas como eu disse, a maioria está lá por ter conhecido um ou uma israelense e ter se apaixonado. 


Homens e mulheres com uma história parecida. Recomeçar em um novo país para estar junto de alguém...


quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Hebraico


     Logo que cheguei aqui, fui a um pequeno mercado perto de minha casa. Ao observar a prateleira, percebi que dalí em diante seria um ser dependente. Seria impossível comprar, ou pelo menos saber o que estar comprando, sem perguntar. 
     O novo idioma, aliás, o novo alfabeto me parecia dificilíssimo, provavelmente demoraria uma eternidade para me familiarizar com aquelas letras estranhas.
     Quatro meses se passaram, desde o primeiro de junho vou à escola quatro vezes por semana, quatro hora por dia. De Domingo à Quarta-feira, num total de 240 horas, até agora.
     Hoje, posso dizer que é um idioma difícil. Não há quase nenhuma semelhança com as línguas de origem latina ou anglo-saxônica. O que torna muito difícil criar referências e memorizar as palavras.
     O alfabeto, por incrível que pareça, foi mais fácil. è uma questão de substituição, no começo, você demora duas horas pra ler uma frase, até que tudo, lentamente, vai se tornando mais automático.
    A estrutura do hebraico, na verdade, é um pouco mais fácil que a do português, tem menos preposições e os tempos verbais são mais fixos. O que "pega", é a diferença entre masculino e feminino. Em hebraico, o verbo tem gênero e muda conforme o falante se refere à um homem ou à uma mulher. É uma língua interessante, para tudo há uma lógica ou fórmula, com as exceções e as irregularidades, é claro.
      Último detalhe. O hebraico não tem vogais. O som é determinado por pontos, ou sinais. Acontece que eles não usam os sinais, só em caso de alguma duplicidade. Isso significa que se uma palavra é desconhecida, um nome, uma expressão, nem um israelense é capaz de ler corretamente. Imagina a complicação que é para nós, neófitos decifrar as novas palavras sem pontinhos...

Logo no início, eu sentia como se estivesse usando um capacete mágico. Eu era uma observadora morrendo de medo de me expor, com o tempo esta sensação está passando cada vez mais e, já consigo reclamar se me dão o troco errado ou pedir desconto na feira, mesmo que, por enquanto, quase sempre em inglês.

Experiências parecidas, outros pontos de vista:


domingo, 15 de agosto de 2010

O mercado das Pulgas

O mercado das pulgas está lá o ano todo. É super legal, tem coisas bacanas, novas e usadas, artesanato e muita antiguidade. 



Na verdade, não é em Tel Aviv, é em Yaffo, uma cidade (se é que pode ser chamada assim) bem pequenininha ao sul. A diferença entre Tel Aviv e Yaffo é de um passo, você não sente a mudança. Ainda não entendi direito se Yaffo é considerada uma outra cidade ou não.É onde moram os árabes desta parte de Israel. É também, a parte antiga da cidade. Estou preparando um post só sobre Yaffo ou Jaffa como chamam os americanos.


O mercado das pulgas é constituído de uma série de ruas e vielas que são fechadas a partir de uma certa hora, quando o sol cai.


Bons músicos, bandas de garagem e artistas de todos os tipos se apresentam.


As ruas ficam cheias de gente, principalmente em agosto, féria dos europeus. Tel Aviv é um dos destinos favoritos do franceses. Aonde quer que você vá estuca o burburinho francês. Uma amiga colombiana que vive aqui á alguns anos e, também escreve um blog, até postou algo sobre isso.  Vale a pena dar uma olhada para quem queira praticar o espanhol e conhecer um outro ponto de vista sobre assuntos parecidos. Ela escreve muito bem. Lá vai: http://logomotora.blogspot.com/2009/07/llegaron-los-franceses.html

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Conflitos

O propósito deste blog é tratar de culturas e experências, mas é praticamente inevitável falar de religião, infelizmente, falar mal. Acontece que estou no olho do furacão. Esse ponto da terra tão polêmico, considerado sagrado pelas religiões mais seguidas no mundo. Palco de numerosas guerras e disputas.


A verdade é que esta semana muitas coisas me apontaram essa direção. Estão todas girando na minha cabeça. São coisas diferentes, mas estão conectadas.


Primeiramente, quando estava saindo de Tel Aviv para viagem ao Mar Morto, passei por uma famosa avenida da cidade, Rothschild Blvd., onde estava acontecendo uma passeata por maior igualdade entre judeus e árabes. Tirei algumas fotos, filmei e peguei o web site do pessoal para me aprofundar no assunto.


Depois, passeando pelo mundo virtual, li dois artigos de uma jovem americana que também mora em Tel Aviv, (vou deixar o link no final). Os artigos falavam sobre casamento civíl em Israel e sobre a tensão entre judeus fundamentalistas e seculares.


Vou explicar, em Israel só existe casamento civíl entre judeus, ou seja, se eu, ou qualquer estrangeiro, não judeu, quiser se casar com um israelense, essa pessoa terá que se casar ou em seu país de origem, ou em Chipre (mais comum destinação para casamentos) ou ainda, passar pela conversão durante, no mínimo um ano, para então se tornar judeu e, poder casar no país. Muitos acabam se convertendo, mesmo que não seja de coração, para garantir a cidadania e evitar preconceitos, principalmente quando se tem filhos.
Mesmo assim, todos os judeus estão sugeitos à aprovação de sua documentação por parte do Rabbanut (Corte dos Rabinos). As vezes, por não considerar a documentação suficiente, a corte pode negar o direito à algum judeu à se casar normalmente. Ou seja, o próprio judeu pode ser descriminado pelos seus, e isso me leva ao próximo ponto. A Tensão entre judeus fundamentalistas e seculares.


São todos judeus, mas os fundamentalistas se sentem mais judeus que os outros e, não apenas, pois até aí, tudo bem. Cada um que se sinta como quiser, mas eles querem impor sua verdade. Exemplo, se um judeu secular passar por uma vizinhança religiosa, dirigindo, no sábado, pode levar algumas pedradas no carro e até na cabeça. Isso não é comum, pois ninguém vai dirigir por lá, à menos que não saiba onde está pisando. Amamentar em público também não é muito recomendável, a mãe vai receber, no mínimo, uma olhada torta. As mulheres devem sentar-se na parte de trás dos ônibus para não expor os homem à desejos indesejáveis, sem falar que devem se cobrir dos pés à cabeça num calor de 40 graus e de roupas pretas, possivelmente (estou falando de Jerusalem, em Tel Aviv não é assim). Se alguns querem seguir essas regras, pois que assim seja, mas não podem impô-las aos outros ou negar aos outros o direito de praticar o judaísmo da forma que estes achem melhor.


Hoje, Israel é governada pela direita, muito apoiada pelos mais fundamentalistas, por isso eles tem bastante voz e, daí a tensão. Não é uma tensão muito clara, mas ela existe.
São esses religiosos que estão construindo nas áreas palestinas com o apoio do governo e, isso, me leva de volta ao início, sobre a passeata que fotografei.




É um grupo que luta por maior equidade entre árabes e judeus. Essa luta se fundamenta na expulsão de algumas famílias de suas casas em Jerusalém, especialmente em Sheikh Jarrah, devido à um processo que eles chamam de judaisação. Ou seja, a tentativa dos judeus fundamentalistas de construir por toda parte, evitando assim, a possibilidade da criação de uma capital palestina em Jerusalem.




Essas pessoas estão se mobilizando para que essas injustiças deixem de acontecer, não apenas pelas famílias, mas por si mesmos, pois eles percebem e afirmam em seu website que, se as coisas continuarem assim, nunca haverá paz para ninguém e, os israelenses não vão nunca viver sem a ameça de guerras e terrorismo.




Bom, deixo algumas imagens da passeata, e alguns links para quem queira se aprofundar.





Quero também, deixar claro que não sou contra a tradição e a fé. Sou contra os que querem reclamar a posse e a imposição de uma verdade. Sou a favor, se não do amor, do respeito.


Links: http://therayve.blogspot.com
http://www.en.justjlm.org/what-is-our-struggle-about/what%E2%80%99s-happening-in-east-jerusalem

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Deserto

Este final de semana fiz uma viagem ao sul de Israel, atravessando o deserto até o Mar Morto. Foi lindo.

Primeira parada: Ein Gedi Waterfall. Na verdade foi indicação. Paramos pra comer numa barraca de beira de estrada "Philip Farm", o moço que nos preparou um sanduíche especial, feito com pita beduino (que no Brasil chamamos de pão sírio, mas esse é um pouco diferente, com a massa bem fininha, parece quase uma panqueca) e queijo de cabra que ele mesmo faz, disse que poderíamos tomar um banho numa cachoeira próxima à nossa destinação.


Estacionamos o carro e caminhamos uns dez minutos seguindo um riacho. No caminho encontramos alguns homens vindo na direção oposta. Só homem, um, depois outro, e mais outro... Minha cabeça brasileira começou a alarmar: perigo! Já meu namorado, que é israelense, se preocupou por outros motivos. Todos estes homens que passaram por nós eram de origem árabe e, quando ele perguntou sobre a cachoeira, a resposta não foi muito amigável. 
Nada aconteceu. Chegamos ao lugar que procurávamos. Não tinha ninguém, era lindo e tivemos um encontro  maravilhoso com dois veadinhos, é sempre fascinante presenciar a natureza selvagem.


Só nos sentimos um pouco vulneráveis, pois estávamos em dois, longe do carro e no meio do nada. Mas enfim, seguimos viagem.
Acampamos no meio do deserto. Muito quente mesmo. A terra emanava calor, o vento soprava sem parar, mas morno. O céu, estreladíssimo. Silêncio.


 Próxima parada: pôr do sol em Masada. Masada foi uma fortaleza, construída no topo de uma montanha sob ordens do famoso Rei Herodes. Está a 450 m acima do nível do mar. Hoje, a área é um parque nacional preservada pela Unesco. Lá, podem-se ver as ruínas, parte de alguns mosaicos e o sistema hidráulico que trazia água lá de baixo. Masada também é famosa pela sua trágica história. 
Pra encurtar, em 72 DC, os romanos atacaram a fortaleza, mas não conseguiram invadir o lugar. Demoraram meses, mas construíram uma rampa de acesso. Quando os judeus perceberam que os romanos estavam prestes a conseguir invadir Masada, cometeram suicídio coletivo.

Subimos caminhando pelo Snake Path ou Caminho Serpente, porque é longo e, visto de cima, parece uma serpente gigantesca. Não é fácil, chegamos ao topo com os bofes de fora, 40min de subida íngreme.

Lá vem ele. Bom dia sol!

Valeu a pena o esforço!!! Um verdadeiro espetáculo.


Uma voltinha pelas ruínas.

 Esta foto foi tirada por volta das 07h00 da manhã. Já devia estar fazendo uns 40 graus.
A viagem continua. Próxima parada: Mar Morto




Sim, o Mar Morto é um lugar incrível. Uma beleza diferente e um calor insuportável. As 09h00 da manhã chegamos no hotel. O relógio da piscina marcava 50 graus, sem brincadeira. Nunca estive num lugar tão quente e, eu que pensava que o calor do nordeste brasileiro fosse o máximo... mas aqui tem menos humidade.



É puro sal, as 05h00 da tarde, a temperatura da água deve estar uns 40 graus. Até baixa a pressão. Por isso, as pessoas passam o dia em hotéis à beira do mar, assim ficam entre a piscina e a praia.
Denúncia: Estão acabando com o lugar!!! A indústria, principalmente de cosméticos, está drenando a água toda pelos minerais. Só a área onde estão os hotéis está sendo preservada. Por que será?




De volta pra casa. Um último olhar sobre o deserto.